Ficha de Inventário

Brinquinho

  • Museu: Museu Etnográfico da Madeira
  • Nº de Inventário: MEM96/76
  • Supercategoria: Etnologia
  • Categoria: Instrumentos musicais
  • Datação: Século 20
  • Dimensões (cm): Alt. 82.5 x Diâm. 29
  • Descrição: Peça composta por onze bonecos (figuras masculinas e femininas) de pano com trajes tradicionais, portadores de castanholas e fitilhos, dispostos na extremidade de uma cana de roca, em duas séries circulares e de diâmetro desigual, uma com quatro e outra com seis e encimado por uma destas figuras. Possui caricas acopladas com pregos, que funcionam como castanholas. Uma verga com um cabo em madeira, entra na cana e imprime o movimento ascendente e descendente. O tocador imprime movimentos verticais, fazendo tocar as castanholas.
  • Origem/Historial: O brinquinho ou “bailhinho”, designações populares utilizadas na Madeira, é um dos nossos instrumentos musicais tradicionais mais divulgado. É um idiofone misto de concussão direta, composto por um conjunto de bonecos em pano (usualmente sete figuras masculinas e femininas) trajando indumentária tradicional, portadores de castanholas nas costas e fitilhos, dispostos na extremidade de uma cana de roca, em duas ou mais séries circulares, de diâmetro desigual e é encimado por uma destas figuras. É ornamentado, ainda, com tampas de garrafas (caricas), que também funcionam como castanholas. Este instrumento possui um arame (vareta central do instrumento), o qual passa no interior de uma cana e é acoplado a um cabo. O tocador segura no cabo e imprime movimentos verticais, que fazem tocar as castanholas. É utilizado usualmente para marcar compasso. Sendo o seu uso mais comum entre os grupos de folclore da Região, também aparece isolado pelas mãos do povo, nos arraiais tradicionais. Era costume, nos arraiais, o povo formar rodas para entretenimento, tocando, cantando e dançando – os chamados brincos - termo que alguns autores relacionam com a sua designação. Embora a sua origem seja incerta, segundo alguns autores terá sido trazido para o arquipélago no século XIX, estando a sua origem provavelmente relacionada com um instrumento musical idêntico, designado de zuca-truca na Região do Minho e de charola ou cana de bonecos na Região do Douro. O zuca-truca ou cana dos bonecros ou monecros ou, ainda bonecos da festada ou macacos, é utilizado, atualmente, nas “rusgas” da zona de Guimarães e em Vila Praia de Âncora, onde é conhecido por brinquinho de âncora. É constituído por uma cana de bambu, com cerca de 1.20 m de alto, servindo de tubo e possui um boneco no topo e dois bonecos, paralelos à cana, vestidos com trajes regionais. Um arame no interior da cana provoca, com o movimento da mão do executante, o bater de castanholas pendentes das costas do boneco masculino. António Rodrigues vinca que a referência mais antiga ao termo 'bonecos', empregue pelo povo madeirense, remonta ao século XIX e chegou aos nossos dias por via oral e diz ainda que esses testemunhos descrevem 'bonecos' de madeira. Zuca Truca Museu Nacional de Etnologia Quanto à referência iconográfica mais antiga na Madeira do brinquinho data de 1923, através da pintura 'A Romaria' de Henrique Franco. A tela ostenta, em primeiro plano, um brinquinho. Na pintura, a configuração morfológica deste instrumento de percussão é de apenas três bonecos que com o tempo foi assumindo outras características e hoje o brinquinho pode ter até 12 bonecos. "A configuração morfológica das castanholas (…) evolui, transforma-se e dá origem aquilo que denominamos de brinquinho", considera o investigador. "Porque já se organiza de forma circular, à volta de um eixo - uma cana - e, na minha opinião, fica com a configuração de um brinco, ou seja, do despique, o grupo de romeiros a despicar".
  • Incorporação: Esta peça encontrava-se na DRAC (Direcção Regional dos Assuntos Culturais) sendo transferida e incorporada no espólio do Museu Etnográfico da Madeira, aquando da sua abertura em 1996.

Multimédia

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