Ficha de Inventário

Armário

  • Museu: Museu Quinta das Cruzes
  • Nº de Inventário: MQC 1163
  • Supercategoria: Arte
  • Categoria: Mobiliário
  • Autor: Desconhecido (-)
  • Datação: Século 17/18
  • Suporte: Madeira dita "caixa de açúcar" (madeiras exóticas do Brasil: jequitibá, tapinhoá, imbuía, faveira)
  • Técnica: Madeira entalhada, recortada e vazada; ferro forjado, recortado com incisões
  • Dimensões (cm): Alt. 220,5 x Larg. 142 x Prof. 52,5
  • Descrição: Móvel de conter, de aparato - armário dito “caixa-de-açúcar” composto por dois corpos interrompidos por uma ordem de gavetas de espelho curvo, puxadores de espelho recortado assim como os escudetes. Corpo inferior de forma paralelepipédica, com duas portas apaineladas em meia esquadria e almofadadas em ponta de diamante, molduradas a verdugo saliente, fechadas por ferrolho em forma de caixão com aldraba em "T" e espelho recortado. Três conjuntos de bisagras em ferro, recortadas em flor-de-lis, em cada uma das portas. É rematado por verdugo triplo e assenta sobre seis patins em cunha. Interior de aro demarcado com recorte polilobado, uma prateleira com galeria recortada e vazada. Corpo superior idêntico ao inferior, rematado superiormente por cimalha de balanço. Interior composto por duas prateleiras paralelas sendo uma recortada, rematadas por frisos polilobados, recortados e fenestrados. As ilhargas são decoradas com verdugos estriados em forma de losango, em madeira mais escura.
  • Origem/Historial: Ilha da Madeira. Sabe-se que pertenceu ao Convento das Mercês, Funchal. A tipologia destes móveis copeiros revela conhecimento das gravuras do flamengo Hans Vrandeman de Vries - arquitecto e desenhador de mobiliário. Estas contribuíram para o aparecimento desta tipologia de dois corpos separados por duas gavetas, com cimalha saliente, frisos de tremidos e almofadas entalhadas. Armário construído com madeiras aproveitadas das caixas que transportavam o açúcar do Brasil para a Madeira. Com estas madeiras regionalmente, construíram-se móveis como arcas, armários-copeiros de um e dois corpos, cantoneiras e outras variantes, as quais são designadas, localmente por "móvel caixa-de-açúcar" (século 17). Em 1999, a Dra. Lília Esteves realizou análises microscópicas a diversos móveis do Museu, tendo-se verificado a conclusão de que foram encontradas vários espécies de madeira no interior dos móveis (gavetas). Segundo o livro "Ferro e Fogo, a devastação da mata atlântica brasileira" de Warren Dean, refere que eram utilizadas nas caixas que traziam o açúcar do Brasil para a Madeira, executadas em jequitibá, tapinhoá, vinhático do brasil, embuía e outras espécies exóticas.
  • Incorporação: Aquisição Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal / 1956
  • Centro de Fabrico: Ilha da Madeira

Bibliografia

  • CÂMARA, Teresa Brazão - "Mobiliário" in Atlântico. Funchal: Nº 19, 1989
  • FERRÃO, Bernardo - Mobiliário Português dos Primórdios ao Maneirismo. Índia e Japão, vol. III. Porto: Lello & Irmão - Editores, 1990
  • FERRÃO, Bernardo - Mobiliário Português. Vol. IV. Porto: Lello & Irmão - Editores, 1990
  • HENRIQUES, João Maria - "A «Caixa de açucar», in Das Artes e da História da Madeira,Nº4. Funchal: 1950
  • PINTO, Maria Helena Mendes - Os Móveis e o seu Tempo - Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga Séculos XV-XIX. Lisboa: IPPC/MNAA, 1987
  • RODRIGUES, Ana Kol - "Armário 'caixa de açúcar'". In Obras de Referência dos Museus da Madeira [cat. de exposição].. Lisboa: IMC/DRAC, 2009
  • ESTEVES, Lília: "Identificação das madeiras que constituem um núcleo de mobiliário designado por "caixas de açúcar - do MUseu Quinta das Cruzes". Instituto de José de Figueiredo, Laboratório central. Maio, 1999

Multimédia

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