Técnica: Madeira entalhada, recortada e vazada, embutidos em madeira mais escura; ferro forjado com incisões
Dimensões (cm): Alt. 216 x Larg. 158 x Prof. 72
Descrição: Móvel de conter - armário dito “caixa-de-açúcar” composto por dois corpos interrompidos por uma ordem de gavetas com puxadores duplos torneados. Corpo inferior de forma paralelipipédica, com duas portas apaineladas em meia esquadria e almofadadas em ponta de diamante, fechadas por ferrolho em forma de caixão com aldraba em "T". Bisagras em ferro, recortadas em flor-de-lis. Interior demarcado com recorte polilobado, uma prateleira com galeria recortada e vazada.
Corpo superior idêntico ao inferior, rematado superiormente por cimalha de balanço e a parte inferior do móvel, por verdugo saliente. Interior composto por duas prateleiras paralelas e uma recortada, rematadas por frisos polilobados, recortados e fenestrados.
As ilhargas são decoradas com verdugos retangulares inseridos em moldura embutida em madeira mais escura.
Origem/Historial: Ilha da Madeira.
Esta peça pertenceu ao Convento de Santa Clara.
A tipologia destes móveis copeiros revela conhecimento das gravuras do flamengo Hans Vrandeman de Vries - arquitecto e desenhador de mobiliário. Estas contribuíram para o aparecimento desta tipologia de dois corpos separados por duas gavetas, com cimalha saliente, frisos de tremidos e almofadas entalhadas.
Armário construído com madeiras aproveitadas das caixas que transportavam o açúcar do Brasil para a Madeira.
Com estas madeiras regionalmente, construíram-se móveis como arcas, armários-copeiros de um e dois corpos, cantoneiras e outras variantes, as quais são designadas, localmente por "móvel caixa-de-açúcar" (século 17).
Em 1999, a Dra. Lília Esteves realizou análises microscópicas a diversos móveis do Museu, tendo-se verificado a conclusão de que foram encontradas vários espécies de madeira no interior dos móveis (gavetas).
Segundo o livro "Ferro e Fogo, a devastação da mata atlântica brasileira" de Warren Dean, refere que eram utilizadas nas caixas que traziam o açúcar do Brasil para a Madeira, executadas em jequitibá, tapinhoá, vinhático do brasil, embuía e outras espécies exóticas.
Incorporação: Doação César Gomes / 1946
Centro de Fabrico: Ilha da Madeira
Bibliografia
PINTO, Maria Helena Mendes - Os Móveis e o seu Tempo - Mobiliário Português do Museu Nacional de Arte Antiga Séculos XV-XIX. Lisboa: IPPC/MNAA, 1987
RODRIGUES, Ana Kol - "Armário 'caixa de açúcar'". In Obras de Referência dos Museus da Madeira [cat. de exposição].. Lisboa: IMC/DRAC, 2009
"Obras de Referência dos Museus da Madeira. 500 Anos de História de um Arquipélago" [catálogo de exposição]. Lisboa: DRAC, IMC, 2009
Exposições
Obras de Referência dos Museus da Madeira. 500 anos de História de um Arquipélago
Lisboa. Palácio Nacional da Ajuda. Galeria de Pintura do Rei D. Luís I.