Ficha de Inventário

Debulhadora mecânica

  • Museu: Museu Etnográfico da Madeira
  • Nº de Inventário: MEM16/5001
  • Supercategoria: Etnologia
  • Categoria: Atividades transformadoras
  • Datação: Século 20
  • Dimensões (cm): Comp. 285 x Alt. 120 x Larg. 108
  • Descrição: Máquina de formato triangular, fixa numa armação retangular de madeira, arredondado na parte superior, com uma abertura, por onde se introduz os molhos de trigo. Possui um tabuleiro de madeira lateral, que serve de apoio, para colocar os molhos de trigo. No interior da máquina existe uma roda dentada que separa o grão da palha e, na parte inferior, possui uma outra abertura por onde sai a palha e o grão. A máquina é acionada através de um motor a gasóleo, colocado ao lado da máquina e que está ligado a uma correia de transmissão.
  • Origem/Historial: Situam-se em meados do Séc.XIX as primeiras referências a estas máquinas, utilizadas nos trabalhos da debulha do cereal. As vantagens das mesmas tinham, a ver com a maior rapidez com que se efetuavam esses trabalhos, mas tinham o inconveniente da sua difícil deslocação nos terrenos acidentados da ilha da Madeira. Por esse motivo, os seus proprietários seleccionavam um lugar de fixação que permitisse uma deslocação mais fácil do cereal a debulhar pelos diversos agricultores. Embora não conseguissem substituir por completo as eiras, a introdução destas máquinas operam algumas alterações nas relações sociais de produção da ilha. A primeira máquina de debulhar popularmente designada por "máquina americana ou ferro" parece ter surgido na Madeira, na segunda metade do Século XIX, introduzida provavelmente, por madeirenses emigrados nos Estados Unidos. A mecanização do processo das debulhas foi lenta, já que os acessos às terras, muito estreitos, não permitiam muitas vezes a passagem da mesma. Deste modo, até meados do Séc. XX a debulha mecânica manteve-se confinada aos arredores do Funchal e a algumas zonas do litoral sul. Contudo, quando as eiras começaram a extinguir-se, o ferro surge como alternativa na debulha dos cereais. Esta máquina manejava-se com dificuldades. Era posta em movimento por quatro homens que, ao accionarem uma grande roda, asseguravam o arranque inicial e a continuação do impulso. Dois outros faziam o restante trabalho; enquanto um introduzia o cereal segado, o segundo controlava a cedência regular da máquina e, se necessário, um terceiro tirando com um gravanço a palha .(...) Adquirir uma máquina representava, em termos insulares, um investimento considerável, que não se amortizava nunca, se utilizada por uma só pessoa. Formavam-se assim, durante os períodos da debulha, grupos de homens para realizarem o trabalho, mediante contrapartidas variadas. Raramente se pagava a dinheiro, em geral os debulhadores com uma parte do cereal trabalhado pela máquina. (BRANCO, 1987:77-78)
  • Incorporação: Esta peça, pertenceu à Srª. Maria José Jorge Nascimento, tendo sido descoberta por técnicos da antiga DRAC (Direção Regional dos Assuntos Culturais) atual DRC, através de um trabalho de campo efetuado no Sítio da Assomada, Freguesia do Caniço, Concelho de Santa Cruz. Encontrava-se em depósito, tendo sido cedida para a Exposição Permanente no Museu Etnográfico da Madeira, desde a sua abertura a 15 de Junho de 1996, até à data. Após 20 anos, por decisão superior, esta peça deixou de estar em situação de depósito e foi incorporada no espólio permanente do Museu.

Bibliografia

  • BRANCO, Jorge Freitas; "Camponeses da Madeira, As bases materiais do quotidiano no Arquipélago (1750/1900)", Lisboa: Publicações D. Quixote, Col. Portugal de Perto, 1987.

Multimédia

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