Ficha de Autor

ROCHA, Joaquim Leonardo da

  • Actividade: Retratista
  • Data de nascimento/óbito: 1756 - 1825
  • Local de nascimento/óbito: Lisboa - Funchal
  • Biografia: Filho primogénito do pintor Joaquim Manuel da Rocha, matriculou-se aos 25 anos com o seu irmão João Francisco da Rocha, na Aula Pública de Desenho onde o seu pai era professor. Distinguiu-se como pintor e gravador a água-forte, tendo sido também igualmente dedicado à música (foi um distinto tocador de cravo) e à literatura. Em 1783 partiu para a China na companhia do então eleito bispo de Pequim D. Alexandre de Gouveia. Leonardo da Rocha assinara contrato com o Governo da rainha para exercer o magistério referente à sua profissão, na corte chinesa. Apesar das dúvidas que surgiram em relação à data desta viagem, parece-nos que a hipótese mais correta é a apresentada por Júlio Jesus no seu livro “Joaquim Manuel da Rocha: pintores dos séculos XVIII/XIX”, que dá como certa a partida de D. Alexandre e Leonardo da Rocha a 6 de Abril de 1783. Certa, no entanto, é a data de 18 de Janeiro de 1785 quando D. Alexandre de Gouveia chegou à sede do seu bispado. Certo também é que Leonardo da Rocha, não passou além de Cantão. Tendo embarcado com o novo bispo de Pequim, o pintor chegou a Macau, seguindo pouco depois para Cantão. No entanto, arrependido da empresa que tomara, declara terminantemente que não avança nem mais um passo e recusa-se a sair do barco com medo de que o retivessem para sempre na China. Como resultado da amarga questão volta o artista a Macau, onde é detido, tendo sido enviado para Lisboa, preso às ordens da rainha, com grande consternação do seu companheiro de viagem D. Alexandre de Gouveia. De volta a Lisboa, é recebido com valimento pelos marqueses de Alorna, que já haviam patrocinado a sua atribulada viagem ao Oriente, e pouco depois casa com D. Eusébia Bárbara Valadas. Após o casamento, poucas são as indicações da vida do pintor, até cerca de 1808 quando, pela segunda vez, Leonardo da Rocha parte de novo em viagem, desta vez para a Madeira. A proximidade de Leonardo da Rocha com os condes de Alorna sempre lhe havia granjeado vantagens, mas no decorrer das primeiras invasões napoleónicas, o então 3.º marquês de Alorna, D. Pedro de Almeida Portugal, em 1810, é declarado traidor da pátria, acusado de, nas campanhas e cargos que exerceu como comandante geral das forças portuguesas, ter abandonado o país e servido a causa de Napoleão Bonaparte. E talvez esta seja a explicação da partida de Leonardo da Rocha para tão peculiar destino. Numa altura em que o marquês e as pessoas que lhe eram próximas começaram a ser visados pelo governo da regência, esta terá sido, provavelmente, a última benesse que conseguiu do seu protetor, tanto mais que foi no início de 1808 que a Legião Portuguesa seguiu para França. Em 1808, parte para a Ilha da Madeira. A sua estada na ilha fez despertar o interesse, por parte de alguns notáveis madeirenses, na criação de uma Aula de Desenho e Pintura na cidade do Funchal, propondo para a sua regência o pintor Joaquim Leonardo da Rocha. No seguimento desta proposta foi apresentado um pedido ao Governador da Madeira Pedro Fagundes Bacelar de Antas e Menezes, que fez seguir o ofício para o Visconde de Anadia. Pouco tempo depois, por carta régia de 17 de Julho de 1809, foi efetivamente criada a Aula de Desenho e Pintura no Funchal, e nela provido o pintor Leonardo da Rocha. Já no exercer das suas funções o pintor escreveu um opúsculo de natureza didática intitulado Medidas gerais do corpo humano arranjadas em diálogo, e método fácil para uso da real aula de desenho e pintura da ilha da Madeira em 1810, que foi publicado em Lisboa no ano de 1813. A longa permanência de Leonardo da Rocha no Funchal é a fase menos conhecida da sua biografia; a par dos diversos retratos que atestam a sua presença na Madeira, pouco se sabe sobre a vivência do autor, restando-nos a indicação da sua morada na Rua de Santa Maria de acordo com o termo de óbito que declara a sua morte a 8 de Maio de 1825. Da sua obra destacam-se “Retrato de D. João VI” (1824), “Retrato de Manuel Serrão” (1825), “Retrato do Brigadeiro Jorge Frederico Lecor” (1817) e a “Vista da Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição do Ilhéu da Pontinha” (1º quartel do século XIX), único registo paisagístico conhecido do retratista.

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